quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Chopin

Em 1831, o jovem Frederic Chopin, chegava em Paris. Nascido em 22 de fevereiro de 1810, trazia na bagagem meia dúzia de suas melhores obras e um amor inabalável pela Polônia, sua terra natal. Pianista talentoso desde criança, estava em excursão pela Europa, especificamente em Viena, onde já estivera quando menino, mostrando seu virtuosismo aos habitantes da capital austríaca.
Começou a estudar música com apenas 4 anos, alcançando rapidamente o sucesso não apenas em sua cidade, mas por toda a Polônia e mesmo na Rússia. Na primeira vez que esteve em Viena, em 1829, o público e a crítica o aclamaram. Mas, desta vez, a cidade não se mostrou tão receptiva. Haviam dezenas de virtuoses como ele.
Para completar sua má sorte, surpreende-o a notícia de que houve uma insurreição em Varsóvia. A revolta é sufocada brutalmente pelos soldados russos. Milhares de pessoas são exiladas, outras são proibidas de voltar à pátria. As cartas que enviava à sua família não eram respondidas. Resolve partir para Paris, passando antes pela Alemanha, onde encontra Schumann.
Contam que na primeira vez que visitou a casa do compositor ele não estava em casa. Sua esposa, Clara, o recebeu. Ela não falava francês, Chopin não falava alemão. Diz a história que ele se sentou ao piano e tocou algumas composições suas. Clara fez o mesmo com as músicas do marido.
Se isso é verdade ou não não se sabe. O que há de concreto é um artigo e Schumann na Nova Gazeta Musical, que dizia, a respeito de Chopin: "Tirem os chapéus, senhores, um gênio".
Em Paris, encontra rapidamente a fama e o sucesso. Fino, elegante, gentil, ele possui todos os predicados para ser aceito na sociedade francesa. Além disso, os poloneses contam com a simpatia do povo francês, o que lhe facilita ainda mais a estadia em seu novo país.
Tímido e reservado, de maneiras aristocráticas, Chopin destacou-se primeriamente como concertista de piano e professor, no que era muito requisitado pelas famílias ricas. Seu virtuosismo ao piano, somado ao seu aspecto doentio, contribuíam para a difusão da imagem do gênio. Em Paris torna-se amigo de Franz Liszt, Berlioz, Vitor Hugo e toda a plêiade de artistas que estão na capital francesa nessa época.
Chopin teve um grande caso de amor na juventude, com uma jovem chamada Maria Wodzinska. A história terminou por imposição da mãe da moça, que não permitiu mais o relacionamento. Se a incipiente tuberculose de Chopin foi ou não a causa, é discutível. Só não há dúvida do efeito que a decisão teve no espírito do compositor, que reuniu todas as cartas enviadas por Maria em um pacote intitulado Moja Bieda, "minha desgraça". Antes dela, Chopin havia se apaixonado por Constantia Gladskowa, uma famosa soprano, muito cortejada. O tímido Chopin jamais se declarou a ela, mas dedicou-lhe o adágio de seu Concerto em Concerto em Fá Menor, op.21.
Jovem, solteiro, rico e bem posicionado na capital francesa, a popularidade de Chopin era enorme. Todavia, continuava a morar sozinho. Em 1837, porém, essa situação mudou. Conheceu Aurore Dudevant, uma estranha mulher que assinava seus escritos com o nome de Georges Sand, e tinha o estranho hábito de se vestir de homem. Pois foi justamente com ela que Chopin passou a viver. Os parisienses se escandalizaram com a relação, mas Chopin continuou a ser cortejado
Sua saúde piorava dia a dia. Uma de suas irmãs já havia morrido de tuberculose. O "mal do século" também o atingira, e, em busca de tratamento, esteve com Georges Sand na ilha espanhola de Majorca. Excursionou também pela Inglaterra, onde seus concertos não lhe trouxeram vantagens pecuniárias.
Estava pobre. Todo o dinheiro que havia ganho ele gastou, e dependia agora de amigos para viver. Esse era seu maior problema, viver. Seus amigos não tiveram de esperar muito. Em 17 de outubro de 1849, a tuberculose o matou.
Em seu enterro, um punhado de terra polonesa foi lançada sobre seu caixão: era sua última vontade e sua última declaração de amor à Polônia.

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